data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
Há 50 anos, Santa Maria convive com uma ferida aberta na histórica Avenida Rio Branco. São décadas de espera por um remédio que possa cicatrizar o imponente Condomínio Galeria Rio Branco. Após meio século, a solução para curar esta chaga parece estar mais próxima. A prefeitura de Santa Maria pretende lançar ainda no primeiro semestre de 2021 uma licitação para que a obra seja retomada e o edifício, enfim, possa começar a cumprir com a sua função social. Ao longo dos próximos dias, o Diário publicará uma série de reportagens de prédios que fazem parte da história da cidade, mas que sucumbiram ao tempo, ao descaso e ao abandono ou estão em desuso ou desocupados por diferentes fatores.
De tantas idas e vindas e debates públicos sobre um desfecho, é quase de conhecimento público que o Galeria Rio Branco começou a ser construído na década de 1960 para ser um condomínio de luxo para a época, tendo parado em 1970. De lá para cá, várias medidas foram tomadas, desde a condenação judicial para que a estrutura fosse demolida até a arrecadação, a incorporação e a transferência do prédio ao patrimônio do município. Mas foi a partir do dia 16 de dezembro de 2019 que a Lei 6.429 autorizou a prefeitura a permutar, sem torna de valor, o imóvel por área construída no mesmo local do prédio e no valor estimado de cerca de R$ 2,1 milhões. Assim, quem vencer a licitação deverá entregar ao município área construída para abrigar estruturas físicas da administração municipal.
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De acordo com o secretário de gestão e modernização administrativa, Marco Mascarenhas, a prefeitura já elabora um Termo de Referência com estudos técnicos para garantir que o objeto de interesse da licitação seja alcançado. Segundo o secretário, as expectativas são positivas, e, apesar de a pandemia de coronavírus ter atrasado um pouco o processo, pois poderia tornar a concorrência pouco atrativa por conta do atual contexto econômico, os resultados devem atingir o objetivo:
_ Vamos resolver definitivamente esse problema. Estamos construindo a licitação da melhor forma, tornando o processo seguro, com analise técnica e trazendo para um modelo que seja atrativo.
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O Termo de Referência vai definir as questões técnicas, mas, conforme o secretário, a intenção é que prédio seja voltado ao aspecto comercial. Conforme a prefeitura, para dar continuidade à construção, o investimento seria de R$ 20 milhões, o que não se torna benéfico ao erário público.
ESTRUTURA
Conforme laudo técnico emitido pela Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), a estrutura de 17 andares está em plenas condições de uso. De acordo com a prefeitura, entre as constatações da Cientec, estão que o bloco da frente - voltado para a Avenida Rio Branco - não tem nenhum comprometimento da estrutura. Ainda, de acordo com o mesmo laudo, as condições de durabilidade e resistência são satisfatórias. Há partes do prédio de importância secundária que poderiam ser demolidas e reconstruídas, sendo passíveis de recuperação, informou a prefeitura durante justificativa à Câmara de Vereadores para aprovar a lei que autorizava o poder executivo a permutar o imóvel.
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PARA EFETIVAR PROPOSTA, ENTIDADES AFIRMAM QUE ATUARÃO JUNTO AO MUNICÍPIO PARA ATRAIR INVESTIDORES
Concluir a obra do Galeria Rio Branco é mais que fechar uma ferida aberta no coração da cidade, é dar andamento a revitalização do centro histórico do município e melhorar a paisagem urbana central do município - o que não é possível enquanto se ter um prédio abandonado fincado na principal avenida da cidade. Por esses e tantos outros motivos é que entidades apoiam a ideia e afirmam que trabalharão junto à prefeitura para garantir que investidores apostem no negócio. Conforme o presidente do Sindicato da Construção Civil de Santa Maria (Sinduscon), Samir Samara, a entidade quer ajudar a reativar aquela região da cidade:
_ Veremos de perto a licitação, pois uma das funções do Sinduscon é auxiliar para revitalizar a região, começando por aquele prédio. Vamos atuar para captar investidores para tirar a obra do papel.
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Em termos econômicos, o presidente do Sinduscon lembra que a Construção Civil foi um dos poucos setores da economia que não parou, o que garantiu um pequeno crescimento ainda no ano passado. Para 2021, as expectativas, explica Samir, são mais otimistas. A presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) Núcleo Santa Maria, Lídia Gomes Rodrigues, também cita a importância da localização do edifício e da necessidade de ele ter uma destinação. A arquiteta reconhece a intenção do município em solucionar este problema e destaca:
_ Uma das principais necessidades é que o prédio cumpra, enfim, com sua função social.
COMERCIANTES TÊM BOAS EXPECTATIVAS E MERCADO IMOBILIÁRIO AQUECIDO PODE IMPULSIONAR LICITAÇÃO
Quem convive próximo ao prédio recebeu com motivação a novidade sobre a licitação. Comerciantes acreditam que a conclusão do edifício possa tornar a região mais atrativa. Há 20 anos, o brechó de Dagoberto Ferraz, 58 anos, é vizinho do Galeria Rio Branco. Em frente à edificação fica uma ferragem que tem como gerente financeiro William Siqueira, 27 anos. Os dois concordam que é preciso concluir a obra para que a localidade seja mais valorizada.
_ Ao estar abandonado, o prédio junta insetos, morcegos e demais situações que são até mesmo prejudiciais à saúde. Então, desde já, estamos na torcida para que realmente se concretize esse projeto _ destacou Ferraz.
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Presidente do Sindicato da Habitação (Secovi) do Centro Gaúcho, Antônio Odil Gomes de Castro, ressalta que o abandono do prédio impacta negativamente a região. Porém, ao ser concluído, o resultado seria inversamente proporcional. Segundo ele, o prédio com vários escritórios, por exemplo, tornaria a região mais movimentada, trazendo ainda mais vida à Avenida Rio Branco e valorizando os imóveis próximos. Conforme o presidente do Secovi, o momento de se apostar nesta iniciativa é agora:
_ Esta é a hora certa, pois o mercado imobiliário está bastante aquecido, com mais facilidade de encontrar investidores.
TEMPO
- Lançamento da licitação para conclusão do Edifício Galeria Rio Branco _ 31 de junho de 2021
PRÓXIMOS PRÉDIOS DA SÉRIE
- Casa de Cultura
- Sociedade União dos Caixeiros Viajantes (SUCV)
- Clube Caixeiral
- Gare da Viação Férrea
- Prédio do antigo Hotel Jantzen
- Prédio da antiga sede da União Santa-Mariense de Estudantes (USE)
- *Conhece algum prédio abandonado em Santa Maria e quer saber sobre a sua destinação? Manda um WhatApp para o Diário: (55) 99136-2472
RESUMO
- A construção do Galeria Rio Branco começou em 1960. Na década seguinte, a obra foi interrompida
- A construção se deu de forma integrada. Os condôminos se comprometeram com a construtora da época que a compra de materiais de construção e a mão de obra ficariam a cargo dos proprietários. No entanto, a falta de dinheiro por parte de alguns condôminos inviabilizou a continuidade da obra
- No começo da década de 90, o Ministério Público (MP) entrou com uma ação na Justiça pedindo a demolição do prédio
- Ao longo dos anos, após idas e vindas, o município foi condenado, com sentença transitada em julgada em Ação Civil Pública, a demolir ou dar destinação ao imóvel, antes que o mesmo passasse a ser um problema de segurança para os munícipes
- O edifício foi alvo de processo de arrecadação pelo município
- Em 2019, o município foi autorizado a permutar o imóvel por área construída no mesmo local do prédio